A disputa territorial entre Colômbia e Peru, na região amazônica, ganhou um novo capítulo na última semana, com o envio de tropas militares por ambos os países para a área da tríplice fronteira com o Brasil. O ponto central da tensão é a Ilha Santa Rosa, localizada no rio Amazonas, sob administração peruana e situada a poucos metros de Letícia, na Colômbia, e de Tabatinga, no Brasil. A presença reforçada de forças armadas aumenta a atenção sobre a região, que já é historicamente estratégica para o comércio, o transporte fluvial e a segurança das fronteiras amazônicas.
Na quarta-feira (6/8), o Exército peruano desembarcou na Ilha Santa Rosa para realizar uma “ação cívica”, oferecendo atendimento médico, distribuindo suprimentos e hasteando bandeiras do país em diversos pontos estratégicos.
A operação ocorreu pouco depois da criação do distrito de Santa Rosa de Loreto, que definiu a comunidade de Santa Rosa de Yavarí, situada na ilha, como sua capital.
O governo peruano classificou a iniciativa como um reforço administrativo e social. Já a Colômbia interpretou o gesto como uma afirmação unilateral de soberania. Em reação, Bogotá reforçou seu contingente militar em Letícia e acusou o Peru de promover uma “crescente militarização” na região.
O presidente colombiano, Gustavo Petro, declarou que o Peru estaria violando o espírito do Tratado do Rio de Janeiro de 1934, que estabelece os limites fluviais entre os dois países e determina a necessidade de negociação mútua para qualquer alteração territorial.
Reprodução: Rede social
O que está acontecendo?
Ação | Detalhe |
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Peru | Reconheceu a Ilha de Santa Rosa como distrito e enviou militares para hasteamento de sua bandeira. |
Colômbia | Reagiu afirmando que não reconhece a soberania peruana sobre a ilha, mobilizando tropas em Letícia, próxima à área em disputa. |
A crise diplomática se agravou quando Lima apresentou um protesto formal contra o sobrevoo de um avião militar colombiano do modelo Super Tucano sobre a ilha, classificando o ato como “provocativo” e não autorizado. O governo da Colômbia, por sua vez, afirmou tratar-se apenas de um voo de treinamento.
Peru considera que exerce soberania “de forma legítima e contínua” sobre a ilha, com administração local e presença de serviços públicos, por mais de um século .
Colômbia, por sua vez, argumenta que essa ocupação foi unilateral e desrespeita os tratados existentes como o acordo de 1929 e o delineamento da fronteira pelo ponto de maior profundidade do rio Amazonas
O presidente Gustavo Petro chegou até a transferir cerimônias nacionais para Letícia como demonstração simbólica de seu descontentamento e disse que, caso não seja aberto um diálogo, poderá levar o caso à Justiça internacional.
A bandeira foi avistada por embarcações que navegavam pelo rio Amazonas e passaram diante da Ilha de Santa Rosa, área que tem sido palco da disputa.
Qual é o papel do Brasil?
Até o momento, o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) e o Ministério da Defesa monitoram o cenário de perto, mas evitaram manifestações públicas diretas.
Em resumo, a movimentação militar de Peru e Colômbia está relacionada à disputa pela Ilha de Santa Rosa — não a uma ação diretamente contra o Brasil, mas a uma questão latino-americana sensível, com impacto indireto nas fronteiras brasileiras.