Na segunda-feira (18), a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) esteve presente em um debate intercontinental sobre o acesso direto dos povos indígenas aos fundos de investimento climático. O encontro aconteceu durante a COP29, em Baku, no Azerbaijão, e foi conduzido pela presidenta da Funai, Joenia Wapichana. Em sua fala de abertura, Joenia destacou os fundos climáticos como uma importante ferramenta para fortalecer a resistência dos povos indígenas na proteção de seus territórios tradicionais e na preservação da biodiversidade.
A participação dos povos indígenas nos debates sobre mudanças climáticas tem ganhado cada vez mais relevância em fóruns globais, como demonstrado pela posição da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) na COP29. A defesa da Funai pelo acesso dos povos indígenas a fundos de financiamento climático destaca o papel crucial dessas comunidades na preservação ambiental e no combate às mudanças climáticas.
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“Podemos chamar a atenção também para a necessidade de ter mais articulação e alternativas para encorajar, incentivar os povos indígenas a continuarem a fazer o que já fazem por excelência”, disse a presidenta.
Além da presidenta da Funai, que representou o Brasil, participaram do debate representantes da Guatemala, Nepal, Congo e França. Entre as iniciativas destacadas no evento, esteve o Mecanismo de Doação Dedicado (DGM, na sigla em inglês), uma ferramenta criada para apoiar os povos indígenas e as comunidades locais na gestão e preservação de recursos florestais. Financiado pelo Fundo de Investimento Climático, o DGM visa promover a inclusão desses povos em ações climáticas, garantindo acesso direto a recursos financeiros para projetos de conservação ambiental, fortalecimento das lideranças comunitárias e desenvolvimento sustentável.
Os povos indígenas desempenham um papel central na conservação da biodiversidade e na manutenção de ecossistemas essenciais para a regulação climática. Suas terras representam algumas das áreas mais bem preservadas do mundo, funcionando como verdadeiros reservatórios de carbono. Apesar dessa contribuição inestimável, essas comunidades enfrentam desafios significativos, como o desmatamento, a exploração ilegal de recursos e a vulnerabilidade a desastres naturais intensificados pelas mudanças climáticas. Por isso, o acesso a fundos climáticos pode fortalecer sua capacidade de resistir a essas pressões e expandir suas práticas sustentáveis.
A Funai argumenta que os recursos financeiros provenientes de fundos climáticos internacionais devem ser utilizados para apoiar projetos liderados por indígenas, voltados para a preservação de suas terras, a restauração de áreas degradadas e o fortalecimento de iniciativas de adaptação climática. Além disso, destaca-se a necessidade de mecanismos financeiros acessíveis e inclusivos que respeitem a autonomia e as tradições dessas comunidades, garantindo que os benefícios cheguem diretamente às populações indígenas.
A luta pelo acesso aos fundos climáticos também reflete um movimento mais amplo por justiça climática, que reconhece os impactos desproporcionais das mudanças climáticas sobre comunidades vulneráveis e exige soluções que promovam equidade. Ao defender a inclusão indígena nesse contexto, a Funai reforça a necessidade de integrar saberes tradicionais às estratégias globais de mitigação e adaptação climática.
A postura da Funai na COP29 é um chamado à ação para governos, organismos internacionais e financiadores globais, destacando que o reconhecimento dos direitos indígenas e o investimento em suas práticas são não apenas justos, mas essenciais para a construção de um futuro mais sustentável e equilibrado.