A deputada federal Silvia Waiãpi (PL-AP) afirmou ser vítima de preconceito após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a perda de seu mandato e de outros seis deputados. Ela destacou que a decisão afeta uma mulher do Norte, indígena e representante da Amazônia, que tem enfrentado ataques e perseguições políticas desde o início de seu mandato. Silvia também sugeriu que o STF não deseja uma “mulher indígena de direita” que luta pela igualdade sem vitimismos.
A deputada federal Silvia Waiãpi (PL-AP), que perderá seu mandato em decorrência de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira, 14, declarou ser alvo de preconceito. Reconhecida como a “indígena do Bolsonaro”, ela, juntamente com mais seis deputados, terá que se afastar da Câmara dos Deputados.
“Essa decisão retira uma mulher do Norte, filha do Amapá, representante da Amazônia e indígena, que desde o início do mandato tem sofrido ataques e perseguições políticas. A discriminação contra parlamentares da nossa região não pode ser normalizada”, afirmou Silvia
A decisão do STF está relacionada às regras de distribuição das sobras eleitorais. Em fevereiro de 2024, o STF considerou inconstitucionais cláusulas que condicionavam a distribuição das sobras ao desempenho dos partidos e exigiam um percentual mínimo de votação nos candidatos. Nesta quinta-feira, 14 de março, o tribunal decidiu que essa decisão tem efeitos retroativos, afetando os parlamentares eleitos com base nos critérios anulados. Votaram nesse sentido os ministros Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Kassio Nunes Marques, Flávio Dino, Dias Toffoli e Cristiano Zanin.
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Além de Silvia Waiãpi, perderam o mandato os deputados Augusto Puppio (MDB-AP), Gilvan Máximo (Republicanos-DF), Lázaro Botelho (PP-TO), Lebrão (União-RO), Professora Goreth (PDT-AP) e Sonize Barbosa (PL-AP). Cabe agora ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) refazer os cálculos para definir quem assumirá os mandatos. De acordo com cálculos feitos pela Rede, os novos parlamentares serão Aline Gurgel (Republicanos-AP), André Abdon (PP-AP), Paulo Lemos (Psol-AP), Professora Marcivânia (PCdoB-AP), Rafael Bento (Podemos-RO), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) e Tiago Dimas (Podemos-TO).
Silvia Waiãpi é da etnia Waiãpi, distribuída no Amapá, Pará e na Guiana Francesa. Ela foi tenente do Exército e nomeada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para chefiar a Secretaria Nacional de Saúde Indígena (Sesai).